Eleição em SP tem primária escondida para decidir representante da direita, diz Lavareda

A corrida eleitoral para a Prefeitura de São Paulo ganha contornos peculiares, conforme revela a mais recente pesquisa Datafolha. O levantamento, divulgado nesta quinta-feira (5), aponta para um cenário de empate técnico entre Guilherme Boulos (PSOL), Pablo Marçal (PRTB) e Ricardo Nunes (MDB), sinalizando uma disputa acirrada que vai além da simples escolha do próximo prefeito.

Segundo o sociólogo e cientista político Antonio Lavareda, o que diferencia este pleito é a existência de uma “primária embutida” dentro da eleição geral. “Nós estamos tendo nessa eleição duas competições: a competição geral, obviamente, que vai levar à seleção de quem chega ao segundo turno, mas dentro desse processo nós temos, digamos, uma primária embutida na eleição geral, que é a definição desse nome da direita”, explicou Lavareda no programa WW.

 

Dinâmica da disputa no campo da direita

Enquanto a esquerda parece ter seu candidato definido, com Boulos mantendo uma distância considerável de outros nomes do espectro político, o campo da direita apresenta uma disputa mais acirrada. Lavareda observa que o início da propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão pode estar influenciando essa dinâmica.

“Com o início da televisão e do rádio, o prefeito conseguiu avançar três pontos de uma pesquisa para outra, Guilherme Boulos não se mexeu, então toda essa massa de comerciais, de programas de televisão não renderam novos pontos percentuais para o candidato”, analisa o especialista.

Marçal, por sua vez, apresentou um crescimento modesto de um ponto percentual, que Lavareda atribui a um possível “efeito carry over” de sua escalada anterior na corrida eleitoral.

Perspectivas para a campanha

O cientista político avalia que, à luz dos dados atuais, a fase da campanha com exposição na televisão e no rádio tende a continuar beneficiando o prefeito Ricardo Nunes. “À luz dessa pesquisa de hoje e pelos sinais que ela nos traz, parece o favorito para preponderar no campo da direita.”

A “primária escondida”, como denomina o analista, para definir o representante da direita na disputa, adiciona uma camada extra de complexidade à eleição municipal de São Paulo. Este cenário não apenas intensifica a competição interna entre os candidatos desse espectro político, mas também pode influenciar significativamente a estratégia de campanha e a formação de alianças nos próximos meses.