Em entrevista à CNN Brasil, o professor Ricardo de Camargo, especialista em meteorologia do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG/USP), abordou a questão da formação de furacões na América do Sul, tranquilizando os espectadores sobre a baixa probabilidade desses eventos na região.
De acordo com o professor Camargo, as condições oceanográficas e atmosféricas ao sul do Equador são significativamente diferentes das encontradas no Hemisfério Norte, tornando o ambiente menos propício para o desenvolvimento de furacões. “Quando a gente compara a parte norte do Atlântico Tropical com a parte sul, ao norte, ao sul da linha do Equador, a gente vê que a parte ao norte do Equador é mais extensa, ela inclui a parte norte da América do Sul, o Golfo do México”, explicou.
O especialista ressaltou que a região ao sul do Equador é menos extensa e apresenta temperaturas da superfície do mar mais quentes apenas na metade mais próxima às Américas. Essa configuração resulta em um ambiente menos favorável para a formação de furacões no Brasil e em outras partes da América do Sul.
Apesar da baixa probabilidade, o professor Camargo lembrou o caso excepcional do Furacão Catarina, que atingiu o sul de Santa Catarina em 28 de março de 2004. “Aquele é o filho único de mãe solteira de casos de ciclone tropical de furacão aqui no Atlântico Sul, que atingiu categoria 1 e já fez uma quantidade de estragos bem significativa”, afirmou, destacando a raridade do evento.
O meteorologista explicou que, embora seja possível a ocorrência do fenômeno chamado ciclogênese (formação de um ciclone puro na região tropical), como nos casos dos furacões Milton e Helene, a evolução de perturbações de latitudes médias para estruturas tropicais, como ocorreu com o Furacão Catarina, é mais comum na região sul do Atlântico.
A explicação do professor Camargo oferece uma perspectiva científica sobre a baixa probabilidade de furacões atingirem o Brasil, contribuindo para acalmar preocupações sobre possíveis desastres naturais dessa magnitude no país. No entanto, ele ressalta a importância de manter a vigilância e os estudos sobre eventos climáticos extremos, dada a possibilidade, ainda que rara, de ocorrências como o Furacão Catarina.
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