Categories: Brasil

Verba do Bolsa Família quase dobra, bate recorde e piora contas do governo em março

As despesas mensais do governo com o pagamento do Bolsa Família quase dobraram do ano passado para cá, depois de o programa ser retomado e reajustado pela gestão Lula, e foram, em março, uma das principais influências para o resultado negativo com que as contas públicas fecharam o mês.

Em março deste ano, foram destinados R$ 14 bilhões em transferências para as famílias abaixo da linha da pobreza a quem se destina o Bolsa Família, depois de o piso do benefício ser elevado para R$ 600. É 80% mais que em março do ano passado, quando o valor do pagamento foi para R$ 400 e os repasses totais somaram R$ 7,8 bilhões.

Na comparação com a média do que era destinado por mês para o Bolsa Família em 2019, último ano antes da pandemia, o aumento é de 333%, ou seja, a verba do Bolsa Família mais que quadruplicou desde então.

Em 2019, essa média mensal foi de R$ 3,23 bilhões, já em valores ajustados pela inflação. A conta considera apenas os repasses feitos de janeiro a novembro daquele ano, já que em dezembro de 2019 o Bolsa Família foi pago em dobro com uma parcela extra de 13º.

Contas no vermelho

Em março de 2023, o governo central reportou um déficit de R$ 7,1 bilhões, informou o Tesouro Nacional nesta quinta-feira (27).

É um resultado pior que o rombo de R$ 6,7 bilhões do mesmo mês no ano passado e também bem mais profundo do que o saldo negativo de R$ 3,7 bilhões que era estimado por economistas consultados pela agência de notícias Reuters.

“O déficit mais forte do que o esperado em março decorre tanto de um gasto maior quanto de uma queda nas receitas”, diz o economista da XP, Tiago Sbardelotto, em nota da corretora a clientes.

“Em relação ao primeiro, fica claro que os gastos com o programa Bolsa Família são o principal impulsionador desse aumento (…). Houve um aumento de cerca de 80% no Bolsa Família e de 11% nas despesas discricionárias, principalmente relacionadas a educação e transporte”, acrescenta.

A economista-chefe do Inter, Rafaela Vitória, destaca que os R$ 14 bilhões dispensados ao Bolsa Família apenas em março são, sozinhos, metade dos cerca de R$ 30 bilhões que o programa custava em um ano inteiro antes.

“No primeiro trimestre, podemos notar uma redução na arrecadação e ao mesmo tempo crescimento nas despesas do governo”, diz ela.

A receita caiu 2,5% e a despesa cresceu 1,1% na comparação com o primeiro trimestre do ano passado, já descontada a inflação.

“A queda na arrecadação reflete o desaquecimento da economia e a menor cotação das commodities, que impacta o resultado de diversas indústrias. Já as despesas do Poder Executivo subiram 30% acima da inflação, o que inclui, principalmente, o novo programa do Bolsa Família, que teve uma elevação tanto nos valores distribuídos quanto no número de beneficiários”, completou.

Bolsa Família de R$ 600

Depois de ser repaginado, aumentado e convertido a Auxílio Brasil no governo de Jair Bolsonaro, o Bolsa Família foi retomado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva neste ano, também com valores maiores, de no mínimo R$ 600, e com benefícios adicionais para crianças e gestantes.

Os novos valores passaram a ser pagos justamente em março.

Depois de passar os três primeiros anos da gestão Bolsonaro sem reajuste, o Bolsa Família chegou ao fim de 2021 pagando uma média de R$ 187 por família beneficiada.

Em 2020 e 2021, as famílias mais pobres receberam o benefício temporário do Auxílio Emergencial, pago durante a pandemia, em valores partindo de R$ 600 e, depois, de R$ 400.

É esta pausa no Bolsa Família que explica as quedas bruscas nos repasses para o programa nesses dois anos.

A partir de 2022, o Bolsa Família seria definitivamente substituído pelo Auxílio Brasil, com novo nome, valor mais alto – de R$ 400 – e algumas regras diferentes.

Em junho, porém, sob avanço da inflação e às vésperas das eleições presidenciais, Bolsonaro conseguiu mais uma vez ampliar temporariamente o valor do benefício, dos R$ 400 para R$ 600, até o final do ano, por meio da “PEC Kamikaze”, uma das várias emendas constitucionais empreendidas nos últimos anos para furar o teto de gastos.

O aumento permanente para R$ 600, a partir de 2023, foi uma promessa de campanha tanto de Lula quanto de Bolsonaro nas eleições de 2022.

A verba extra para dar conta da promessa foi uma das contas que fomentaram a PEC do Estouro, desenhada pela equipe de Lula ainda antes da posse e aprovada em dezembro do ano passado abrindo um espaço adicional de R$ 145 bilhões no Orçamento deste ano.

Fonte: Clique aqui

Redação

Share
Published by
Redação

Recent Posts

Gel de veneno de aranha causa ereção e rejuvenescimento e é desenvolvido na UFMG

Um produto revolucionário, a partir de um gel feito com veneno de aranha, desenvolvido em…

4 horas ago

Justiça do Rio nega pedidos da defesa de Rogério de Andrade

A Justiça do Rio de Janeiro negou nesta segunda-feira (4) dois pedidos para revogar a…

10 horas ago

Pacote de corte de gastos será apresentado a ministérios nesta terça

Previsto para ser enviado ao Congresso Nacional nesta semana, o pacote de corte de gastos…

11 horas ago

Corpo é encontrado em trecho da Linha 11-Coral da CPTM, em São Paulo

Um corpo de um homem, sem identificação, foi encontrado entre as estações Antônio Gianetti Neto…

12 horas ago

Mais de 1,45 milhão de famílias assumiram dívidas nos últimos anos

Estudo feito pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo…

12 horas ago

Dólar cai para R$ 5,78 em dia de alívio no mercado

Em um dia de alívio para o mercado financeiro, o dólar teve forte queda, tanto…

13 horas ago