O climatologista Carlos Nobre, referência internacional em assuntos relacionados ao aquecimento global, alerta para o risco que os biomas brasileiros correm de deixar de existir diante do avanço do desmatamento, das mudanças do clima e da contribuição da ação humana na crise climática.
Convidado desta semana do CNN Entrevistas, Nobre cita, por exemplo, o prolongamento da estação seca no sul da Amazônia, que está de quatro a cinco semanas maior do que há 40 anos.
“Se ela chegar a seis meses ali não tem condição de manter mais a floresta amazônica. Seis meses de estação seca é o clima do Cerrado”, diz.
Nobre concorda com a declaração dada na última semana pela ministra Marina Silva, do Meio Ambiente e Mudança do Clima, de que o Pantanal pode deixar de existir até o final deste século.
“O Pantanal vai desaparecer até o final do século. Pode até desaparecer antes do final do século. A área coberta pela água do Pantanal já diminuiu mais de 30% desde 1985. Então a ministra está muito correta de chamar a atenção”, diz Nobre.
“Não é só o risco do ponto de não retorno da Amazônia. Nós estamos com risco de ponto de não retorno da Caatinga se tornando semidesértica, do Cerrado se tornando muito semiárido, da Amazônia savanizada e do desaparecimento do Pantanal até o final do século. Todos esses riscos existem”, afirma.
Considerado um dos cientistas brasileiros mais respeitados dentro e fora do país, Carlos Nobre construiu grande parte da carreira no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, foi diretor o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais e secretário no Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação.
Engajado há décadas em destacar os efeitos das mudanças climáticas e seu impacto na Amazônia, ele integrou o time internacional que, junto com o ex-vice-presidente americano Al Gore, recebeu o Nobel da Paz por alertar sobre os riscos do aquecimento global.
Nobre é o primeiro brasileiro a integrar o grupo Planetary Guardians, que reúne pesquisadores pelo mundo para estudos sobre a questão climática.
A entrevista completa vai ao ar na CNN neste domingo (8), às 11 horas.
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