O ex-sargento da Polícia Militar do Rio de Janeiro Ronnie Lessa, réu pelas mortes da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, ocorridas em 2018, afirmou nesta quarta-feira (30) que não queria matar o motorista.
“Naquela de querer resolver rápido, corri o risco conscientemente e, infelizmente, aconteceu a questão do Anderson. Não era a finalidade. Acertei a vereadora, mas sabia do risco de acertar outra pessoa”, afirmou o ex-policial.
Segundo Lessa, a arma utilizada no crime — uma submetralhadora MP5 — não seria a mais apropriada para a execução, devido ao alto poder perfurante e ao fato de haver mais pessoas dentro do carro.
“Para mim, o mais apropriado seria um revólver, porque, tendo mais pessoas dentro do carro, você reduziria o risco de acontecer o que aconteceu com o Anderson. Se fosse um revólver, somente a vereadora teria morrido, não o Anderson”, complementou Lessa.
Segundo o ex-policial, a função de Élcio Queiroz, que também confessou participação no assassinato, seria apenas dirigir o carro. Ele relata que Queiroz posicionou o veículo exatamente onde ele havia pedido para realizar os disparos, mas acelerou antes do previsto, o que pode ter resultado na morte de Anderson.
“O Élcio emparelhou o carro e eu fiz os disparos, ele me deixou exatamente onde eu queria. Eu tentei fazer os disparos no alvo que era a Marielle, sabendo do risco porque aquela munição era a mais perfurante do calibre”, declarou Lessa.
Nesta quarta-feira (30), começou o julgamento que pode condenar Lessa e Élcio de Queiroz pelo assassinato de Marielle e Gomes. Eles podem ser condenados a até 84 anos de prisão.
Os dois estão sendo submetidos a júri popular e estão sendo ouvidos por videochamada. Antes de Ronnie, 9 testemunhas já tinham sido ouvidas no tribunal.
De acordo com Lessa, o convite a Élcio de Queiroz foi feito durante uma festa de Ano Novo. Segundo o ex-policial, ele aceitou imediatamente a proposta.
Lessa revelou ainda que só informou a Élcio sobre a identidade da vítima no dia do crime, uma medida que visava evitar o vazamento do nome de Marielle.
“No ano novo, quando o chamei, disse apenas que havia um serviço a ser feito, sem revelar de quem se tratava. Minha intenção era que ele não soubesse de quem se tratava”, afirmou Lessa.
Além disso, Lessa comentou que Queiroz sempre lhe pedia oportunidades de trabalho desde que foi expulso da Polícia Militar do Rio de Janeiro, o que motivou o convite para que ele participasse do assassinato de Marielle.
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