O universo infantojuvenil da escritora Clarice Lispector foi apresentado a estudantes da Escola Municipal Nova Sussuarana, na manhã desta sexta-feira (18), durante uma atividade especial realizada no Campo da Pronaica, em Cajazeiras X.
A iniciativa integra o projeto “Caminho de Histórias – A Casa que Anda – Que mistérios tem Clarice?”, que até domingo (20), sempre das 10h às 17h, receberá jovens de quatro escolas municipais, duas particulares e outras instituições locais, com o objetivo de apresentar grandes autores da língua portuguesa e fomentar o hábito da leitura para jovens alunos.
Livros como “O mistério do coelho pensante” (1967), “A mulher que matou os peixes” (1968), “Quase de verdade” (1978), “A vida íntima de Laura” (1999) e “Doze lendas brasileiras – Como nasceram as estrelas” (1977), todos de autoria da escritora Clarice Lispector, são algumas das histórias apresentadas em um caminhão baú.
O veículo conta com diversos espaços de educação e cultura, além de ser palco de oficinas, brincadeiras, artes e incentivo à leitura, em especial dos livros infantojuvenis de Clarice, além das produções da coleção do selo literário João Ubaldo Ribeiro.
“Clarice, que normalmente é pontuada como uma escritora para adultos, possui livros conceituais muito importantes para o público infantojuvenil. Esse projeto é fundamental para a política pública de leitura de Salvador, que tem por premissa fomentar a leitura como um hábito para nossos estudantes”, destacou a gerente de Biblioteca, Livro e Leitura da Fundação Gregório de Mattos (FGM), Jane Palma.
O projeto reuniu cinco turmas de 44 alunos de quatro escolas de Salvador, compostas por jovens do 6⁰ ano, com idades entre 11 e 13 anos. As unidades alcançadas foram: Nova Sussuarana, Nossa Senhora de Lourdes e escolas particulares do bairro, como a Bem Querer e Adventista.
Além disso, o espaço será aberto, no final de semana, para oito grupos de jogadores das escolas de futebol de Cajazeiras, composto por 11 alunos cada.
Oportunidade – Maisa Queiroz, há 13 anos como diretora da Escola Municipal Nova Sussuarana, entende o projeto como uma grande oportunidade para apresentar a literatura brasileira a esses jovens.
“Para muitos deles, é o primeiro contato com essa literatura. A chance de vivenciar um espaço especialmente dedicado a uma grande escritora, abrindo espaço para leitura, escrita e produção de conteúdo relevante. Dessa forma, percebemos que, aos poucos, poderemos descobrir tesouros entre eles”.
A diretora observa ainda, o encanto dos jovens em “descobrir” a máquina de escrever, com o primeiro contato com o equipamento. “Foi uma descoberta. E eles logo a associaram ao computador. Tem uma aluna que sequer quer largar a máquina para dar vez a outros colegas”.
Aos 12 anos, a estudante Laura Santana, participou pela primeira vez de uma imersão na literatura brasileira, e se mostrou encantada com o que lhe foi apresentado.
“Tem sido um dia muito divertido, de muita satisfação mesmo, poder ter acesso a esse conteúdo. Estou muito feliz, pois não é um tipo de atividade que temos sempre acesso. Inclusive, me despertou a vontade de publicar as coisas que escrevo, histórias e contos, e que nunca imaginei ser possível ver em um livro. Eu achei muito interessante conhecer e manusear uma máquina de escrever”, disse.
Apoio – Iniciativa nacional, o “Caminho de Histórias – A Casa que Anda – Que mistérios tem Clarice?” escolheu Salvador como uma das capitais escolhidas, tendo todo o apoio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult), através da Fundação Gregório de Matos (FGM), garantindo a vinda do caminhão do projeto para o bairro de Cajazeiras.
Para Carlos Henrique Souza, de 12 anos, participar ativamente da ação foi uma experiência ímpar. “Sempre fui encantado por história e filosofia, então, este projeto tem sido de grande aprendizado para mim. O que mais gostei foi o acesso ao caminhão cheio de livros. A literatura pode ser uma coisa simples, mas que dá a emoção de poder ler o livro e sentir seus dedos passando por cada folha, ver e sentir a história, os sentimentos dos personagens através das folhas, o que é diferente do digital”.
Clarice Lispector – Nascida na Ucrânia, Clarice Lispector (1920-1977) foi criada no Brasil e se tornou uma das principais autoras em língua portuguesa. Ela se notabilizou na literatura adulta, com clássicos como “A Hora da Estrela (1977)”, “Perto do Coração Selvagem (1943)”, e “A Paixão Segundo G.H. (1964)”, dentre outros, que também tem a vertente infantojuvenil, transitando sempre entre o conto e o romance.
Texto: Ana Virgínia Vilalva e Eduardo Santos/ Secom PMS
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