Poluição responsável pelo aquecimento global atingirá o nível mais alto de todos os tempos, frustrando as esperanças de que começaria a cair em 2024.
Os índices globais de poluição por combustíveis fósseis, responsáveis pelo aquecimento do planeta, atingirão níveis recordes este ano, de acordo com novas projeções, frustrando as esperanças de que em 2024 eles se estabilizem ou caiam.
Segundo o relatório, a poluição causada por combustíveis fósseis deverá subir para 37,4 bilhões de toneladas métricas este ano, um aumento de 0,8% em relação a 2023. A previsão aponta que as emissões globais de carvão, petróleo e gás aumentem.
A notícia chega quando líderes globais se reúnem na cúpula climática da COP29 da ONU em Baku, Azerbaijão.
Este ano é “praticamente certo” de ser o mais quente já registrado, já houve furacões consecutivos, inundações catastróficas, tufões devastadores e secas severas.
“Os impactos da mudança climática estão se tornando cada vez mais dramáticos, mas ainda não vemos nenhum sinal de que a queima de combustíveis fósseis tenha atingido o pico”, disse Pierre Friedlingstein, professor de clima da Universidade de Exeter, que liderou o estudo, publicado na terça-feira (12) pelo Global Carbon Project, um consórcio de cientistas.
Embora os combustíveis fósseis constituam a maior parte da poluição que aquece o planeta, a outra fonte principal é a mudança no uso da terra, incluindo o desmatamento.
Essas emissões também devem aumentar, conforme o relatório, exacerbadas pelas secas e incêndios severos deste ano.
Algumas notícias foram mais positivas: as emissões nos EUA e na Europa devem diminuir, enquanto as emissões da China estão desacelerando, e podem até diminuir este ano, segundo a pesquisa. Mas esse progresso acaba sendo compensado por aumentos na maioria do resto do mundo, como a Índia.
A poluição climática global total chegará a 41,6 bilhões de toneladas métricas este ano, acima dos 40,6 bilhões de toneladas métricas do ano passado, segundo o relatório.
O aumento pode não parecer expressivo, mas coloca o mundo fora do caminho para o enfrentamento da crise climática.
Um relatório da ONU publicado em outubro disse que as emissões globais de carbono estavam se estabilizando lentamente e levantou a possibilidade de que pudessem cair este ano.
A poluição por combustíveis fósseis precisa ser reduzida aproximadamente pela metade ao longo desta década para manter o aquecimento global abaixo de 1,5 grau Celsius, um limite que os países se comprometeram a tentar manter abaixo no acordo climático de Paris.
As mudanças climáticas têm causando impactos catastróficos. Mas os cientistas alertam que, a partir de 1,5 grau, ela começa a exceder a capacidade de adaptação dos seres humanos e do mundo natural, inclusive com a possibilidade de desencadear pontos de inflexão climática devastadores.
A humanidade já passou por períodos de 12 meses acima desse limite climático crítico, mas os cientistas estão mais preocupados com prazos mais longos. O estudo estima que, com as taxas atuais de emissões, há 50% de chance de o mundo ultrapassar 1,5 grau de forma consistente em cerca de seis anos.
Algumas empresas e governos enfatizaram a remoção de carbono como uma forma fundamental de reduzir as temperaturas globais, mas a tecnologia atual está removendo apenas cerca de um milionésimo da poluição de carbono produzida pelos combustíveis fósseis, segundo o relatório.
“O tempo está se esgotando”, disse Friedlingstein, acrescentando que ‘os líderes mundiais reunidos na COP29 devem fazer cortes rápidos e profundos nas emissões de combustíveis fósseis’.
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