Dois agentes da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), unidade de elite da Polícia Militar de São Paulo, se tornaram réus por causa de uma das 28 mortes ocorridas durante a Operação Escudo, que foi realizada no ano passado no litoral paulista.
A denúncia foi apresentada pelo Ministério Público e aceita pelo juiz Thomaz Correa Farqui, da 3ª Vara Criminal de Guarujá. Agora já são seis policiais denunciados por mortes durante a Operação Escudo.
O capitão Marcos Correa de Moraes Verardino e o cabo Ivan Pereira da Silva foram indiciados pelos crimes de homicídio qualificado e fraude processual. O capitão Marcos, à época, era o coordenador operacional da Operação Escudo. O juiz determinou também a suspensão do exercício das funções na PM do cabo Silva e do capitão Verardino, o primeiro oficial a ser denunciado em decorrência da operação. A defesa deles pode entrar com recursos.
Eles também foram acusados de destruir provas. A ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo classifica a Operação Escudo como uma das mais violentas ações da PM no estado.
A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo foi procurada pela CNN, mas informou que não comenta decisões judiciais.
A Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo disse que valoriza os bons policiais e defende a segurança pública que respeita a vida e promove a cidadania plena.
As defesas dos dois policias não foram encontrada.
O processo contra os dois policiais, que tramita em segredo de Justiça, refere-se à morte do morador Fabio Oliveira Ferreira durante uma abordagem policial em 28 de julho de 2023.
Conforme a denúncia da Promotoria, os policiais patrulhavam o distrito de Vicente de Carvalho quando viram Fabio e o abordaram alegando que ele portava uma arma. Os PMs não usavam câmeras corporais na farda.
A investigação apontou que o capitão Verardino disparou três tiros de fuzil contra o rapaz, que estava com as mãos levantadas. O cabo Silva fez mais dois disparos contra o tórax do homem já caído.
Antes de deixar o local, os policiais recolheram imagens de câmeras de segurança instaladas em uma casa que, segundo a denúncia, funcionavam no momento dos disparos. Segundo a promotoria, essas imagens desapareceram, indicando que os policiais tentaram obstruir a investigação. Eles também foram denunciados por obstrução da Justiça.
Ferreira foi o primeiro dos 28 mortos pela PM na Baixada Santista durante os 40 dias da Operação Escudo, no ano passado, após o assassinato do policial Patrick Bastos Reis, da Rota, durante patrulhamento o Guarujá. Conforme organizações de direitos humanos, a ação foi desencadeada como suposta vingança pela morte do policial.
Outros dois policiais da Rota que estavam na mesma viatura usada na abordagem da vítima não foram denunciados porque, segundo o MP, não participaram dos crimes.
Iniciada no fim de julho e encerrada após 40 dias, a Operação Escudo foi deflagrada após o assassinato de um soldado da Rota durante uma ação policial em Guarujá, na Baixada Santista.
Após anunciar o fim da Operação Escudo, o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, afirmou que o litoral paulista continuaria com ações da Operação Impacto, que estava em andamento na região antes da Operação Escudo.
“Mais do que um recado, é uma demonstração clara que o Estado não será afrontado em nenhuma ocasião aqui em São Paulo. Esperamos que operações como a Escudo não sejam necessárias, mas operações Escudo serão desencadeadas para garantir que não haja um Estado paralelo”, disse Derrite.
A pasta acrescentou que, durante os 40 dias da operação, 958 pessoas foram presas, sendo que 382 eram procuradas pela Justiça. Além disso, 117 armas de fogo e 977 quilos de drogas foram apreendidos.
Entre os dias 3 de fevereiro e 1º de abril deste ano, o governo voltou a realizar operações na Baixada Santista, após novas mortes de policiais na região. Na chamada Operação Verão, 56 pessoas foram mortas em decorrência de ações policiais.
* Sob supervisão. Com informações do Estadão Conteúdo
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