A Secretaria de Políticas paras as Mulheres (SPM) implantará seis Salas Elas à Frente para ações dirigidas especialmente às mulheres indígenas, nos municípios de Santa Cruz Cabrália, Prado, Banzaé, Pau Brasil, Abaré e Glória. A iniciativa faz parte das entregas e anúncios do Governo do Estado realizados durante o 6º Acampamento Terra Livre Bahia – O Nosso Marco é Ancestral (ATL-BA), promovido pelo Movimento Unido dos Povos e Organizações Indígenas da Bahia (Mupoiba), ao lado da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), de segunda-feira (4) até esta quinta-feira (7), em Salvador.
As Salas Elas à Frente são estruturas montadas pela SPM em parceria com os municípios para a prevenção e enfrentamento às violências contra as mulheres, com o atendimento humanizado nas áreas de psicologia, assistência social e jurídica. Estes também são espaços estratégicos para a realização de diversas atividades relacionadas à inclusão socioprodutiva e autonomia econômica das mulheres, como cursos de capacitação. Nos territórios indígenas, as Salas Elas à Frente serão implantadas em parceria da SPM com a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial e dos Povos e Comunidades Tradicionais (Sepromi), por meio da Superintendência de Políticas para os Povos Indígenas.
A SPM também participa do acampamento com outras atividades. A Unidade Móvel está estacionada no espaço, oferecendo atendimento jurídico e psicossocial para as mulheres indígenas, das 9h às 17h. A campanha Oxe, me respeite! também está sendo realizada, mediante sensibilização sobre prevenção e enfrentamento às violências de gênero e informações sobre canais de denúncias como o Disque 180.
Como parte da programação do Encontro Estadual do Projeto Cunhã Crodi: Sementes da Caatinga, que acontece na “Tenda das Indígenas Mulheres”, a equipe da SPM participa das discussões sobre diversas temáticas, como ‘Direitos das mulheres indígenas e violências de gênero’.
Durante a roda de conversa, a secretária da SPM, Neusa Cadore, ressaltou a importância deste momento de diálogo e de escuta. “A Bahia tem a segunda maior população indígena do Brasil e temos um governador indígena. Estamos aqui para ouvir, aprender e caminhar juntas. A SPM reafirma seu compromisso com as mulheres indígenas, para que os direitos dessas mulheres sejam respeitados e garantidos”, afirmou.
A secretária lembrou os investimentos que estão direcionados especialmente para as mulheres indígenas, a exemplo do edital Mulheres Indígenas – empreendimentos econômicos liderados por mulheres indígenas. Com um investimento de R$ 2,6 milhões, o edital apoia 14 projetos em seis territórios de identidade e nove municípios baianos, entre eles Pau Brasil, Ilhéus e Porto Seguro. O objetivo é impulsionar a autonomia financeira e o fortalecimento das comunidades indígenas, promovendo a sustentabilidade e a independência econômica dessas mulheres. O edital é executado em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), por meio da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR).
Na roda de conversa, a superintendente da SPM, Camilla Batista, abordou os desafios enfrentados pelas mulheres indígenas em situações de violência doméstica. “É muito difícil lidar com a violência dentro de uma comunidade onde todos são parentes, mas não podemos tolerar a violência contra nossas parentes em nenhuma hipótese. Precisamos discutir os direitos territoriais e sociais das mulheres indígenas, respeitando suas identidades culturais, entendendo que violência contra as indígenas não é cultura”, destacou.
Samêhy Pataxó, de Coroa Vermelha, vice-presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Mulher (CDDM), também falou sobre a importância das discussões coletivas para a reafirmação de direitos, inclusive, no que se refere à prevenção e enfretamento às violências contra as mulheres. “Não podemos mais tolerar a violência contra as nossas mulheres. Somos mães, somos filhas, e queremos um basta. A violência não faz parte da cultura indígena”, afirmou.
Co-coordenadora do Mupoiba e do Povo Pankararé, do município de Glória, Patrícia Krin Si, celebrou a crescente presença feminina nos espaços de poder. “Estamos vendo uma mudança histórica. Hoje, as mulheres estão assumindo cargos de liderança, como cacicas, professoras e vereadoras. Precisamos ressaltar a importância da luta das mulheres na política indígena, tanto para garantir os direitos da comunidade quanto para conquistar maior autonomia. Isso é uma grande revolução dentro dos nossos territórios”, acrescentou.
Fonte:Ascom/SPM
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