A 1ª Feira Nacional do Artesanato da Bahia (Fenaba), que acontece até domingo (19), em Salvador, contou com a presença do ministro do Empreendedorismo e da Microempresa, Márcio França, e da ministra da Cultura, Margareth Menezes, e autoridades locais, durante a abertura do evento, nesta sexta-feira (17), quando defenderam a importância do artesanato como expressão cultural, mas, principalmente, como elemento da economia e para geração de trabalho e renda. A ideia é que a Fenaba sirva para ampliar a comercialização dos produtos do artesanato não só durante os três dias de feira, mas ao longo de todo o ano.
Na Bahia são cerca de 17 mil pessoas vivendo do artesanato, regularizadas no Sistema de Informações Cadastrais do Artesanato Brasileiro (Sicab), mas estima-se que mais de 43 mil pessoas ganhem dinheiro com artesanato; e no Brasil, são aproximadamente 532.663 mil, de acordo com dados de relatório do Programa do Artesanato Brasileiro (PAB) a partir de informações do IBGE/Pnad Contínua (2021). Já o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) estima que o artesanato movimente em todo o País cerca de R$ 50 bilhões por ano, aproximadamente 3% do Produto Interno Bruto (PIB).
Por aí se vê que o setor responde pela renda de muita gente. Nesta primeira edição da Fenaba, ainda não há como prever o montante que deve ser comercializado durante os três dias de feira pelos 250 artesãos e artesãs da Bahia e representantes de mais oito estados e o Distrito Federal, mas a expectativa dos participantes é positiva.
“O volume de vendas tem sido satisfatório e os artesãos e artesãs estão muito felizes com a comercialização de vendas neste primeiro dia. A expectativa é a de que isso gere bons negócios ao longo de todo ano, por se tratar de uma vitrine para eles”, estima Weslen Moreira, à frente da Coordenação de Fomento ao Artesanato (CFA), subordinada à Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre), pasta que está à frente do evento.
A Fenaba é uma ação do Governo da Bahia, por meio da Setre, através da CFA, em parceria com as secretarias do Turismo (Setur), da Cultura (Secult) e da Promoção da Igualdade (Sepromi), e conta com investimento de R$ 3 milhões. O evento tem correalização da Pau Viola e da Associação Fábrica Cultural e patrocínio do Sebrae e do Programa do Artesanato Brasileiro, vinculado ao Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte.
Economia
O ministro Márcio França e a ministra Margareth Menezes, ao lado da então governadora em exercício, a presidente do Tribunal de Justiça da Bahia, desembargadora Cynthia Resende, cada um a seu tempo, percorrem a feira ao lado de secretários de Estado. Estava presente Davidson Magalhães, à frente da Setre, principal realizadora do evento, com direito à participação em um toré com os índios Pataxó do sul da Bahia e conversas com mestres e mestras do artesanato.
Desde a criação do Ministério do Empreendedorismo, em 2023, que o Programa do Artesanato Brasileiro (PAB) é uma atribuição da pasta. O ministro Márcio França destacou que a ideia do governo federal é a de que o ofício do artesanato, prática passada entre gerações de uma mesma família, seja mantido e fortalecido e, para isso, é preciso que seja lucrativo.
“A partir da criação do ministério específico de pequenos empreendedores, com o artesanato dentro, o presidente Lula quis justamente ajudar os artesãos e artesãs a manter essa tradição porque os mais antigos fazem, mas, às vezes, os filhos não seguem, os netos não seguem. Se for rentável, se for lucrativo, aí fazem. E as feiras são uma grande exposição. Nós vamos começar agora fazê-las, também, internacionalmente”, disse França.
A diretora do Programa do Artesanato Brasileiro, Elisabete Bacelar, opina que há desafios a serem vencidos para a sustentabilidade do mercado do artesanato: “o desafio maior é capacitar os artesãos para que eles possam vender e exportar, mas o pior desafio é a gente também transformar a mentalidade da população para comprar do artesanato. Os gargalos são: mercado, capacitação e a transformação da visão brasileira sobre o artesanato, que é nossa identidade e a gente tem que falar sobre isso, se a gente quiser continuar como um povo. E não adianta ele [o artesanato] ser sempre a nossa identidade, a nossa cultura e não receber pra isso. Acho que o preço justo é um caminho que a gente está buscando”.
No âmbito do Ministério da Cultura, a ministra Margareth Menezes lembrou que o artesanato da Bahia “tem qualidade e diversidade” e está relacionado à indústria criativa, da arte e da cultura: “essa Feira está abrindo uma porta que nunca mais vai se fechar porque artesanato temos, diversidade temos, qualidade temos, e o que faltava era essa oportunidade (…) Acho importante esse momento que se inaugura na Bahia, e quero reforçar que o Ministério da Cultura tem políticas que fortalecem justamente todas as iniciativas culturais e artísticas do Brasil e o artesanato, por ser também cultura, está dentro dessas políticas de fortalecimento”.
Política estadual para o artesanato
O secretário da Setre, Davidson Magalhães, lembrou da importância de uma política estadual para o artesanato, que está em fase de elaboração e deverá garantir, entre outras coisas, remuneração mínima para mestres artesãos (ãs). Na visão do secretário, o artesanato compõe o setor da economia popular que, somente na Bahia, representa 40% das pessoas ocupadas.
“Eles [artesãos] precisam de um apoio do estado porque é fundamental o saber fazer não ser perdido, porque isso é a memória da Bahia, da nossa cultura, da nossa identidade. Se nós não tivermos uma valorização do artesanato como precisa ser feito, não só do ponto de vista cultural, mas como geração de emprego e renda, a gente pode perder essa memória pelo caminho”, disse.
O secretário lembrou, ainda, que a Bahia está entre os três maiores centros de produção do artesanato do País e nunca havia realizado uma feira nacional. Artesanato, turismo e cultura estão relacionados para a geração de emprego e renda, disse: “nós estamos rompendo essa bolha. A presença dos ministros significa isso. E a presença de mais de 250 artesão e artesãs, fortalece essa política, a presença dos outros estados dá a dimensão nacional para o nosso artesanato. É uma vitrine e as vitrines são fundamentais para a garantia, expansão e a produtividade do artesanato”.
Fonte: Ascom/Setre
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