A fumaça proveniente das queimadas na Amazônia e em outras regiões do Brasil tem se espalhado por diversas partes do país, afetando a qualidade do ar em locais distantes das áreas de origem. Giovanni Dolif, meteorologista do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), explicou em entrevista à CNN Brasil como esse fenômeno ocorre e quais são as perspectivas para os próximos dias.
Segundo Dolif, o fenômeno conhecido como “rios voadores” – correntes de ar que normalmente transportam umidade da Amazônia para outras regiões – está atualmente conduzindo a fumaça das queimadas. “Esses rios voadores, que agora em vez de umidade estão transportando fumaça, se alinham antes da frente fria em direção ao sudeste”, explicou o especialista.
O meteorologista prevê uma piora na qualidade do ar para a quinta-feira, com a chegada de uma nova frente fria. “Quando essa frente fria se aproximar na quinta-feira, a quantidade de fumaça deve aumentar, porque esse canal em vez de ir até o sul, ele vai vir direto para São Paulo”, alertou Dolif.
Além disso, o especialista ressaltou que, antes da chegada da frente fria, as condições climáticas podem favorecer a propagação de incêndios locais. “Vem bastante fumaça, esquenta, com vento quente. Então qualquer pequeno foco de fogo na vegetação aqui no interior de São Paulo se alastra, se propaga muito rapidamente”, explicou.
Apesar do cenário preocupante, Dolif trouxe boas notícias. Após a passagem da frente fria, espera-se uma melhora significativa na qualidade do ar. “Quando ela passa e vira o vento de sul, aí melhora. Inclusive porque deve ter alguma chuva e essa chuva ajuda a lavar a atmosfera”, afirmou o meteorologista.
A chuva prevista terá um papel fundamental na limpeza do ar, removendo partículas e gases tóxicos da atmosfera. Embora inicialmente essa precipitação possa ser levemente ácida devido à presença dos poluentes, o resultado final será benéfico, com uma significativa melhora na qualidade do ar após o evento climático.
O fenômeno observado ressalta a complexidade das interações entre as queimadas, o clima e a qualidade do ar, evidenciando a necessidade de monitoramento constante e ações efetivas para combater as fontes de poluição atmosférica no país.
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