Um menino de 12 anos foi agredido na escola, nesta terça-feira (8), após ser exposto nas redes sociais e em um programa de TV pelo ex-candidato à Prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal (PRTB). O menino aparece nos conteúdos do político por não “conseguir escrever”. O fato, segundo a família, teria motivado chacotas e agressões no ambiente escolar.
O menino é diagnosticado com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e, atualmente, a família aguarda resultado de um laudo neurológico para confirmar se ele também tem autismo.
A criança teve um encontro com o candidato no Morro Doce, periferia de Perus, durante uma caminhada de campanha do empresário ao extremo-noroeste de São Paulo, onde reside a família do menino.
O encontro aconteceu no dia 22 de setembro. Na ocasião, Marçal cumprimentava moradores do bairro quando o menino se aproximou e foi abraçá-lo.
Segundo o advogado da família, Vlademir da Mata Bezerra, o garoto estava com a mãe em um supermercado quando o tumulto chamou a atenção dele.
Ele, então, quis conhecer de perto e tirar uma foto com o candidato. Após abraçá-lo, Marçal solicitou que a criança escrevesse o nome do bairro no gesso que ele vinha utilizando havia alguns dias por causa da cadeirada que recebeu de José Luiz Datena (PSDB) durante um debate no início do mês.
Ao escrever errado, a criança precisou da ajuda do político para terminar o registro no gesso.
Posteriormente, a equipe de Marçal, que registrou o encontro com a criança, divulgou o momento nas redes sociais expondo o rosto do menor de idade. Durante a ida a um programa de TV, o ex-candidato mencionou o caso novamente e lamentou o fato da criança não saber escrever.
“Aqui no meu gesso tem um garoto do Morro Doce que foi escrever Morro Doce, ele tem 11 anos, e ele não soube escrever Morro Doce, isso partiu meu coração. Ele escreveu depois, porque eu ditei. Ele foi escrever, ficou sem graça. Poxa, um garoto de 11 anos de idade não está conseguindo escrever”, disse Pablo Marçal.
Ao tocar no assunto, o ex-candidato mencionou o nome da criança.
“Ele identificou o menino. Ele poderia ter falado de qualquer forma sobre a Educação ou, até mesmo, falado sobre a situação sem fazer uma identificação, mas não. Ele ainda divulgou a imagem do menino nas redes sociais sem qualquer autorização para cunho eleitoral”, afirmou o advogado da família à CNN.
O corte da entrevista na TV e o vídeo do encontro repercutiram posteriormente na mídia.
Depois da repercussão, o menino passou a ser chamado de “analfabeto” e “burro” por colegas da escola. À mãe, que é motorista de aplicativo e cria os três filhos sozinha, o menino chegou a enviar um áudio relatando os episódios de bullying que vinha sofrendo no ambiente escolar.
Incomodado com a situação, o menino começou a recusar a ir à escola, mas continuou estudando por pedido da mãe, já preocupada com que o filho vinha passando.
Nesta terça-feira (8), após ser chamado por outro aluno de “analfabeto”, o garoto reagiu aos xingamentos e acabou atingido por um soco de um estudante do 9° ano.
A agressão aconteceu na EMEF Marili Dias, localizada na Vila dos Palmares, em São Paulo, onde a vítima cursa o 7° ano.
Após ser agredido, a mãe do aluno foi informada sobre o ocorrido e o irmão mais velho compareceu à unidade para buscá-lo.
Segundo o advogado, a situação tem afetado muito a família. “A mãe está totalmente arrasada, a vida deles virou de cabeça para baixo. Ela é mãe solteira e sustenta os três filhos como motorista de aplicativo. Com a situação, ela não consegue mais trabalhar direito”, garante Bezerra.
O menino é diagnosticado com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e, atualmente, a família aguarda resultado de um laudo neurológico para confirmar se ele também tem autismo.
Nas duas ocasiões, após a divulgação indevida da imagem do menino pelo candidato e a agressão sofrida, a mãe da criança registrou boletins de ocorrência de maneira virtual.
Segundo o advogado, a família pretende entrar na Justiça contra Marçal por danos morais.
“Eu espero que tenha uma representação pelo Ministério Público por conta da exposição da imagem do menino. Que a justiça seja feita”, pede o advogado.
Procurada, a assessoria de Marçal afirmou que sua vice, Antônia de Jesus, esteve na casa da criança e que o próprio empresário conversou com a família por vídeo chamada.
Em nota, a Secretaria Municipal de Educação, responsável pela gestão da escola onde aconteceu o fato, disse que acolheu os dois estudantes envolvidos e repudiou o ato de violência. Veja a nota na íntegra:
“A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Educação (SME), repudia qualquer ato de violência dentro ou fora do ambiente escolar. Os dois estudantes foram acolhidos e os responsáveis, convocados. O Núcleo de Apoio e Acompanhamento para a Aprendizagem (NAAPA), composto por psicólogos e psicopedagogos, acompanha o caso. A unidade educacional irá reforçar o incentivo à cultura de paz com atividades diárias e rodas de conversa com apoio das Mães Guardiãs e da Comissão de Mediação de Conflitos”.
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo também foi acionada. Até o momento, não houve retorno sobre o caso.
*Sob supervisão de Bruno Laforé
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