Preso preventivamente na manhã desta quarta-feira (23) por suspeita de ter cometido abusos sexuais contra crianças, o ex-padre Bernardino Batista dos Santos foi afastado em 2021 de suas atividades na Arquidiocese de Belo Horizonte.
A decisão pelo afastamento foi tomada quando surgiram as primeiras denúncias contra o líder religioso, que era padre na paróquia Cristo Rei, em Contagem (MG), na região metropolitana de Belo Horizonte.
De acordo com nota emitida pela arquidiocese em novembro de 2021, o afastamento ocorreu de acordo com o Código de Direito Canônico, que, no cânone 1.741 diz que “as causas pelas quais o pároco pode ser legitimamente removido da paróquia são principalmente as seguintes”:
- “modo de proceder que traga grave detrimento ou perturbação à comunhão eclesiástica”
- “perda da boa estima perante os paroquianos probos e ponderados, ou a aversão contra o pároco, que se preveja não haver de cessar em breve tempo”
Na ocasião do afastamento, a arquidiocese informou que “diante da denúncia, imediatamente, iniciou trabalho que busca ouvir as autoras desses relatos, um processo de apuração interno que deve caminhar paralelamente, e em colaboração, com o trabalho de instâncias judiciais”.
Para preservar os envolvidos, as investigações feitas pela Comissão Arquidiocesana para a proteção de Crianças, Adolescentes e Vulneráveis da Arquidiocese de Belo Horizonte correm em sigilo.
O ex-padre, de 77 anos, foi preso na manhã desta quarta-feira em Juatuba, também na região metropolitana de Belo Horizonte. Segundo as investigações, ele teria abusado sexualmente de 50 meninas com idades entre 3 e 11 anos.
Os crimes teriam ocorrido no município de Tiros, no Alto Paranaíba, desde 1980.
“Ele era padre em uma paróquia vinculada a uma escola. Então, por várias vezes, organizavam excursões e levavam essas crianças para passar um tempo no sítio do padre, com presença de professores e até mesmo de pais. Ele conseguia retirar essas crianças de perto dos responsáveis, com base na confiança, abusava delas e depois as devolvia”, afirmou a delegada regional em Juatuba, Ana Paula Kich Gontijo,
A delegada fez um pedido para que outras eventuais vítimas procurem a Polícia Civil para denunciar o crime. “Essa ocorrência chegará ao inquérito que está investigando a conduta desse suspeito. Quanto mais vítimas conseguirmos localizar, maior será a pena e mais perto da Justiça estaremos”, conclui.
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