Tendência é de avanço, o que pode ter implicações importantes em diversos segmentos do consumo e varejo
Mesmo em processo de regulamentação, as apostas esportivas cresceram muito nos últimos anos no Brasil, e já representam uma parcela significativa nos gastos das classes mais baixas. De acordo com a pesquisa ”o impacto das apostas esportivas no consumo”, da Strategy & consultoria estratégica da PWC, o volume das apostas esportivas é estimado entre R$ 60 e R$ 100 bilhões só no ano passado. O mesmo relatório aponta que as apostas já representam 1,38% do orçamento familiar nas classes D/E, e que o crescimento anual, de 2020 a 2024, da modalidade foi de 89%, com um desembolso de R$ 40 a R$ 50 bilhões apenas em, o equivalente a: 41 vezes o que se gasta com ingressos de futebol, 12 vezes o que se gasta com cinema, ou 3,5 vezes o que se gasta com games.
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A maioria dos apostadores são homens, jovens e de classe média baixa com concentração no sudeste. Segundo dados do Instituto Locomotiva de setembro de 2023, ao menos 33 milhões de pessoas da população de baixa renda já fizeram apostas esportivas. Entre elas, 22 milhões costumam fazer ao menos uma vez por mês. 54% das pessoas que responderam afirmam que a motivação para apostar é o desejo de ganhar dinheiro. Em seguida, as opções mais respondidas são: gostar da emoção/experiência (42%), gostar da competição (41%), tornar os jogos mais interessantes (36%) e que se trata de um hobby (25%).
A maioria dos apostadores tem a percepção de que perdeu mais do que ganhou ao longo das apostas. Segundo o instituto locomotiva, apenas 36 % dos que já ganharam dinheiro com apostas usaram o valor em outras atividades, o que reforça a percepção de que grande parte do que se gasta com apostas não volta para a economia, ficando dentro do ecossistema das bets, o que pode causar implicações importantes em diversos segmentos do consumo. A cada aposta, a empresa responsável pela aposta fica com uma taxa estimada em 12% do valor apostado.
Um estudo conduzido pela sociedade Brasileira de Verajo e Consumo (SBVC), em parceria com a AGP Pesquisas, com 1.337 consumidores de todas as regiões do país, revelou que 63% dos brasileiros que apostam online tiveram parte de sua renda comprometida com essas atividades. Do total de apostadores que tiveram sua renda impactada, 23% deixaram de comprar roupas, 19% deixaram de fazer compras em supermercados, 14% deixaram de comprar produtos de higiene e beleza, e 11% reduziram gastos com cuidados de saúde e medicações – o que gera um sinal de alerta no varejo.
A partir de 1º de janeiro de 2025 as chamadas ”bets” poderão atuar de forma regulamentada no Brasil. O Governo Federal está analisando o pedido e a documentação de 113 empresas que enviaram a solicitação. A lei que permitiu apostas esportivas no Brasil foi aprovada em 2018, mas seguia cercada de muitas dúvidas. Em maio deste ano, veio a portaria 827, da Secretaria de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda (SPA/MF), que pacificou as regras para o início das operações do setor de forma autorizada pelo governo federal. Com ela, veio o prazo de 90 dias para que a empresa interessada juntasse todas as documentações e cumprisse todas as exigências financeiras da legislação.
Até lá, apenas alguns estados pioneiros permite atuação estadual das empresas do segmento. É o caso da NossaBet, que atua de forma regulamentada no Paraná. A empresa também é uma das 113 que enviaram a documentação necessária: “A lista de exigências foi muito extensa, com detalhes sobre alguns pontos e requisitos sendo publicados por meio de portarias até o final de julho. Mas cumprimos o prazo e esperamos contar com a licença já no primeiro dia de liberação”, disse a diretora jurídica Luciana Macorin.
Para ela, a iniciativa do governo traz mais segurança jurídica para o setor e beneficia diretamente também os apostadores esportivos. “As regras trarão ordem para um mercado que cresce a cada dia, mas de forma desenfreada. Muitas pessoas acreditam que é um mercado que dá para se arriscar e criar um site de apostas da noite para o dia e não é bem assim. E, claro, o que mais sofre com isso é o próprio apostador”.
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