Os coordenadores pedagógicos e professores de Salvador estão participando de uma formação gratuita sobre Alfabetização e Letramento para Surdos, no auditório do Centro de Formação de Professores Emília Ferreiro, no Costa Azul. O evento está sendo realizado pelo Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES), em parceria com a Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal da Educação (Smed). Até esta quarta-feira (29), o público está tendo acesso a uma programação intensa, que inclui propostas para o bilinguismo e também aprendizado sobre letramento e surdez.
Salvador está representando a Região Nordeste com a formação, que está sendo feita com conhecimento prático de sala de aula, sem deixar de lado informações teóricas importantes. Durante o encontro, os coordenadores e professores estão tendo momentos de palestras, dinâmicas e de discussões coletivas. Uma média de 60 coordenadores pedagógicos das escolas municipais e alguns professores do Atendimento Especializado em Educação (AEE) de Salvador e municípios circunvizinhos participam do evento.
“Estamos trabalhando com alfabetização e letramento, que é algo bem importante para a rede municipal e estamos vendo, nesta formação, o quão importante é que o professor saiba Língua Brasileira de Sinais (Libras). A professora do INES não está falando somente da alfabetização e letramento, mas sobre como o professor deve proceder para que esse processo aconteça, pois a alfabetização da criança surda, que tem o português como segunda língua, é diferenciado”, explicou a gerente de Inclusão e Diversidade pela Smed, Daniela da Hora.
Atualmente, cerca de 150 alunos surdos estão matriculados na rede municipal de ensino, em escolas que contam com intérpretes de Libras. Esses alunos também contam com Atendimento Educacional Especializado na Associação de Pais e Amigos dos Deficientes da Audição (Apada), situada no Rio Vermelho, e na Associação Educacional Sons no Silêncio (Aesos), situada no Imbuí, que são instituições parceiras da Smed.
Estratégias de ensino – “Nesse momento, estamos fazendo a formação de alguns professores, mas principalmente dos coordenadores pedagógicos, que fazem o acompanhamento do trabalho do professor e a formação continuada desses profissionais que atuam em sala de aula. Estamos começando com esse processo e a ideia é expandir essa formação para que a inclusão realmente aconteça. Queremos que o aluno da sala comum possa ser atendido nas suas necessidades”, acrescentou Daniela.
De acordo com a pedagoga Camila Constantino, que é especialista em surdez, mestre em Diversidade e Inclusão e professora do INES, o ensino da perspectiva bilíngue precisa acontecer para que os alunos surdos possam alcançar os níveis mais altos academicamente, associando teoria e prática e estratégias de ensino, para que os professores possam fazer ambientes inclusivos ou possíveis salas com agrupamento de crianças surdas. “Essa formação acaba envolvendo toda a equipe que atua na escola sobre a importância de se aprender a língua de sinais e sobre as estratégias adequadas à educação de surdos que não é a mesma que a educação de ouvintes”, afirmou.
Aprendizado – Para Sandra Santos, coordenadora pedagógica da Escola Municipal Anfilófio de Carvalho, situada no bairro de Periperi, o encontro ajuda a pensar no papel da inclusão com os alunos surdos, mostrando práticas de vivências que possibilitam aprimorar o conhecimento e fazer a formação continuada dos professores. “Tenho certeza que vai melhorar a minha prática pedagógica na unidade escolar e o contato com o estudante. É um aprendizado que vem para fazer a diferença na vida dos alunos surdos”, opinou.
O professor de Libras na Apada, Evandro Bispo, considerou muito rico o aprendizado. “É importante para que os professores compreendam que devem ensinar Libras como Língua 1 (L1) e Português como Língua 2, na escrita. Eu, por exemplo, sou surdo, então vou ensinar Libras como L1. Os alunos aprendem e depois se recordam sobre como aprenderam. Então, está sendo muito bom o curso, pois tanto nós, surdos, como os ouvintes estamos aprendendo estratégias em pedagogia para ensinar pessoas surdas”.
A coordenadora de educação inclusiva, Patrícia Anacleto, relatou que foram selecionados coordenadores pedagógicos de escolas que contam com alunos surdos matriculados. “As gerências regionais identificaram as escolas onde há alunos surdos matriculados e convocou os profissionais dessas escolas. Nós escolhemos como tema ‘Alfabetização e Letramento’, pois muitos alunos surdos da rede ainda não têm fluência em Libras e não estão alfabetizados. A ideia é que esses coordenadores sejam multiplicadores e repliquem o conteúdo para os professores das escolas”, disse.
Reportagem: Priscila Machado/Secom PMS
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