Oesporte paralímpico brasileiro deu mais uma demonstração de excelência no Mundial de natação encerrado neste domingo, 6/8, em Manchester, na Inglaterra. Dos 29 atletas de dez estados que o país enviou para a competição, 25 voltaram com medalhas conquistadas na principal competição da temporada que antecede os Jogos Paralímpicos de Paris.
O Brasil somou 46 medalhas (16 ouros, 11 pratas e 19 bronzes) e terminou a competição na quarta colocação geral do quadro de medalhas, atrás apenas de Itália, Ucrânia e China, e à frente da anfitriã Grã-Bretanha, uma das potências do esporte paralímpico internacional. O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva,
parabenizou o grupo por seu perfil oficial no Twitter
. “Parabéns a todos os nossos atletas. Rumo a Paris 2024”, escreveu.
» Fotos em alta resolução (Flickr do Comitê Paralímpico Brasileiro)
Foi bem incrível a participação neste Mundial. A modalidade tem evoluído muito em questões técnicas, de tempo. Estou em meu nono Mundial e é algo bem difícil conquistar essa medalha com 36 anos e uma doença degenerativa”
Edênia Garcia, atleta da natação paralímpica
DIVERSIDADE
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Numa demonstração de que o país se consolidou como potência mundial em muitas das provas do programa paralímpico, as medalhas vieram em 11 categorias diferentes e foram conquistadas por 13 mulheres e 12 homens. As categorias da natação se dividem entre S1 e S10, de acordo com o grau de mobilidade dos atletas, de S11 a S13, a partir do grau de visão de nadadores com deficiência visual, e há ainda a classe S14, para atletas com deficiência intelectual.
PARCERIA
– Em comum aos 25 atletas brasileiros que subiram ao pódio em Manchester, a parceria com o Bolsa Atleta, o programa de patrocínio direto a esportistas do Governo Federal. O investimento anual do Ministério do Esporte nos 25 medalhistas chega a R$ 3,9 milhões. Do grupo de medalhistas, 24 pertencem à categoria Pódio, a principal do programa, voltada para atletas que se destacam entre os 20 melhores do mundo em suas modalidades. Desses, 15 recebem o teto da bolsa, de R$ 15 mil mensais.
Carol Santiago com as oito medalhas em Manchester: a melhor da competição. Foto: Ale Cabral / CPB |
MULHERES
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Assim como já havia ocorrido nos Jogos Paralímpicos de Tóquio
, a pernambucana Maria Carolina Santiago foi o nome de maior destaque na delegação. Ela subiu oito vezes ao pódio em oito provas disputadas em sete dias: cinco ouros (100m borboleta, 100m livre, 100m costas, 50m livre e revezamento misto 4×100m livre – 49 pontos), uma prata (100m peito) e dois bronzes (revezamento misto 4x100m medley – 49 pontos e 200m medley). Foi a principal medalhista do Mundial, entre homens e mulheres.
“Olhando para trás, foi um excelente programa. Estou muito satisfeita. Deixei tudo de mim dentro da piscina. Os 200m medley não foram fáceis. Sou uma atleta mais de velocidade, não tanto de resistência, mas aceitei o desafio”, destacou a atleta, que compete na Classe S12. Carol nasceu com a síndrome de Morning Glory, alteração congênita na retina que reduz seu campo de visão.
Outro destaque no grupo foi Edênia Garcia. A cearense de 36 anos conquistou a 19ª medalha em Mundiais de sua carreira, com a prata nos 50m costas da Classe S3. “Foi bem incrível a participação neste Mundial. A modalidade tem evoluído muito em questões técnicas, de tempo. Estou em meu nono Mundial e é algo bem difícil conquistar essa medalha com 36 anos e uma doença degenerativa”, celebrou Edênia, agradecendo a parceria com a comissão técnica multidisciplinar que a acompanha.
Edênia nasceu com a Doença de Charcot-Marie-Tooth, que é progressiva e afeta a musculatura, em especial as dos pés e das mãos. Em Manchester, chegou a fazer testes de classificação funcional, porque a doença progrediu e a dificuldade de mobilidade se enquadraria, hoje, mais na classe S2, para atletas com menor mobilidade do que na S3.
“Tentei a reclassificação porque a deficiência piorou, mas ainda não foi suficiente dessa vez. Dentro desse cenário desafiador, tive de me desdobrar para imprimir mais força, modificar treinos e minimizar detalhes que me fazem nadar mais lentamente e seguir rendendo. É bem desafiador nadar no tempo que nadei, por isso fico tão feliz de desempenhar meu trabalho assim”, afirmou a atleta, que tem presença frequente no Bolsa Atleta. O nome dela aparece entre os contemplados pelo programa em 15 editais desde 2005, com investimento federal direto na carreira dela que supera R$ 1,6 milhão.
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Edênia Garcia e a 19ª medalha conquistada na história dos mundiais paralímpicos: presença frequente no Bolsa Atleta desde 2005. Foto: Ale Cabral / CPB |
LISTA RECORDE
– Em 2023, o Bolsa Atleta atingiu um patamar inédito na história do programa voltado para fomentar o esporte de alto desempenho no Brasil. A lista dos contemplados reúne 7.887 atletas, o maior número desde que os pagamentos começaram a ser feitos, em 2005, quase 20% maior que o do edital de 2022, quando foram 6.419.
O Bolsa Atleta é voltado para esportistas a partir de 14 anos e é considerado um dos mais completos programas de patrocínio direto do mundo. É dividido em cinco categorias: Base, Estudantil, Nacional, Internacional e Olímpico/Paralímpico, com repasses mensais que variam de R$ 370 a R$ 3.100. O programa conta ainda com a categoria Pódio, destinada a atletas de elite, posicionados entre os 20 melhores do mundo, que recebem benefícios entre R$ 5 mil e R$ 15 mil mensais. Em 2023, a categoria Pódio contemplou 405 atletas, entre olímpicos e paralímpicos.
DIMENSÃO
– A dimensão do Bolsa Atleta pode ser medida pelo desempenho do Brasil nos últimos Jogos Olímpicos e Paralímpicos. Em Tóquio, em 2021, 80% dos integrantes da delegação olímpica e 95% da paralímpica eram bolsistas. Nas Olimpíadas, o Brasil conquistou 21 medalhas (sete ouros, seis pratas e oito bronzes), em 13 modalidades. Em 19 dos 21 pódios (90,45%), os atletas recebiam a Bolsa Atleta. Já nas Paralimpíadas, foram 72 medalhas (22 ouros, 20 pratas e 30 bronzes). Os bolsistas representaram 68 dos 72 pódios: 94,4% do total.
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