A primavera de 2024 no Brasil terá início neste domingo, 22 de setembro, e a sua chegada promete ser marcante. Meteorologistas estão em alerta para a possível formação do fenômeno La Niña, que poderá alterar o padrão usual das chuvas típicas da estação, impactando diretamente a recuperação agrícola após o período de estiagem severa dos últimos meses.
Conhecido como a “estação das flores”, o período pode apresentar uma série de transformações em diversas áreas. Cientificamente, os dias se alongam, o clima se torna mais ameno e a umidade do ar aumenta.
Tanto no nível pessoal quanto no coletivo, é possível sentir uma atmosfera de renovação e recomeços. Para os entusiastas da astrologia, o posicionamento dos astros também desempenha um papel importante, influenciando a forma como as pessoas vivenciam e enfrentam os desafios próprios da estação.
À CNN, Vanessa Madeiros Meira, descendente do povo Tapuia Tarairiú, em retomada étnica, advogada, curadora e estudiosa do saber ancestral, desenha a primavera como o prenúncio de um progressivo aumento do nosso contato com o calor do Sol.
“Depois do inverno, simbolicamente ligado à morte, a primavera marca o renascimento. Se você tiver alguma plantinha em casa, perceberá que durante o inverno ela parece quase morrer, mas não morre. Adormece e se prepara para voltar a receber o sol novamente. É assim, em geral, que as práticas ancestrais observam, vivem e ritualizam, observando e convivendo de forma harmônica com os ciclos da natureza”, conta.
Aos seguidores dos simbolismos milenares, é o momento em que o espreguiçar do corpo acontece após o adormecimento do inverno. “É a retomada do movimento. É o momento propício para dar os primeiros passos, seja lá no que for, após o período de silêncio e observação que o inverno cria em nós”, explica.
Para a ativista, ao adotar práticas “simples”, é possível se conectar com a energia de renascimento que a estação traz, como escrever durante este momento para organizar os pensamentos e, principalmente, as emoções. “Isso pode se transformar em algo sagrado para você, até mesmo em pequenas ações cotidianas como acender uma vela para seu santo protetor ou mentores, ouvir uma música inspiradora, usar um aroma que te eleve, estar na presença de flores, em contato com a natureza, ou simplesmente sendo exatamente quem você é”, comenta.
Muitas tradições aproveitam a primavera, assim como as outras estações, para realizarem rituais de passagem e de reconexão, por exemplo. Essas práticas podem ser conduzidas em grupo ou até mesmo individualmente.
Para a etnia Guarani Mbya, um dos principais rituais dessa estação envolve o uso de elementos naturais, como fogo, água, ervas, flores e frutos. Whera Tupã, indígena e professor na comunidade Itaty, em Santa Catarina, esclarece à CNN que, para o seu povo, a primavera é chamada de Ara Pyau.
Diferente da visão ocidental, onde a primavera muitas vezes é associada somente ao término do frio, na cosmovisão e sabedoria indígena, a estação é vista como parte de um ciclo contínuo de vida e amplamente espiritual.
“Em nosso calendário, [a estação] começa a partir de agosto. Já em nosso conhecimento, entendimento, cultura e tradição, durante o Ara Pyau (primavera), a gente acredita que a porta espiritual da morada do nosso Pai, do Grande Espírito, se abre”, diz.
Além disso, conforme comentado por Whera, cada estação tem seu papel na harmonia do mundo, e a primavera marca o período de fecundidade, abundância e equilíbrio entre os seres vivos e o planeta. As práticas agrícolas, por exemplo, seguem o ritmo das estações. Na primavera, a terra é preparada para o plantio e as sementes são colocadas no solo com cerimônias que envolvem cantos e orações, pedindo pela proteção das plantas e pela colheita farta.
“É a estação onde a gente começa a plantar e onde se faz os batismos. Existe uma tradição em que o povo realiza um ritual de batismo das sementes de milho nativo. O povo Guarani acredita que é o primeiro alimento que existiu. Então, neste conhecimento, o milho nativo típico Guarani é muito sagrado. A gente faz um ritual para que cada vez mais as sementes floresçam”, detalha.
Inclusive, a estação também é vista como uma oportunidade de honrar a vida em todas as suas formas, desde as plantas que brotam até os animais que se reproduzem e a presença das pessoas em cada família.
“Para representar os espíritos das crianças, jovens e de todos, cada família coloca um pouco de pamonha, um pãozinho feito de milho, que simbolizará uma pessoa da família. Então é colocado no altar dentro da casa de reza, para poder fazer o batismo do espírito das pessoas da aldeia e também de todas as pessoas que existem [fora dela]. E assim, através do Ara Pyau, os espíritos podem se fortalecer e cada vez mais florescer”, explica sobre as ritualísticas de seu povo.
Outro ritual amplamente praticado por povos desde tempos ancestrais é a observação atenta do mundo ao seu redor, conforme nos conta Vanessa Madeiros Meira.
“Seria a sua autopercepção, a partir da percepção atenta e com afeto do espaço que você ocupa. É preciso ver além. Uma árvore não é a mesma árvore todos os meses do ano, ela muda todos os dias, ela fala conosco sobre como o mundo fala com ela. Estar conectado a isto já é um ritual dos mais sagrados que existem”, diz.
Vanessa ressalta que, na Inglaterra, as lebres são umas das primeiras espécies a serem vistas na natureza durante a primavera. O surgimento do animal durante a estação, inclusive, teria originado a expressão “lebre de março”, que inspirou o coelho de Alice, no romance de Lewis Carroll. “Alice é, sobretudo, uma narrativa sobre a passagem da menina para a mulher, o florescimento da mulher, a sua própria primavera”, explica.
No Brasil, beija-flores, borboletas e abelhas podem ser vistos em todo o país, pois a estação marca o auge da atividade dos polinizadores.
Na astrologia, os ciclos também vão além de simples marcadores de tempo; eles representam os ritmos pelos quais a vida se revela e se desenvolve. “Ela [primavera] carrega um simbolismo profundo relacionado ao renascimento, à criatividade e à abertura para novas possibilidades. É um momento que pode trazer oportunidades de desenvolvimento e cura”, comenta a astróloga e terapeuta holística, Luzia Rocha.
E quais são os signos que mais sentem essa conexão durante a estação? A especialista responde: “Libra (signo de Ar) e regido por Vênus, encontra na primavera um terreno fértil para cultivar relações harmoniosas. Gêmeos (signo de Ar), sua leveza e a curiosidade geminiana florescem com a primavera. Este é um momento de expansão mental, onde novas ideias surgem facilmente, Aquário (signo de Ar), a primavera oferece um campo propício para desenvolver suas visões inovadoras e humanitárias, Leão (signo de Fogo), cuja estação traz uma explosão de vitalidade e confiança e Sagitário (signo de Fogo), cujo momento acende a chama da aventura e do otimismo. A busca por conhecimento, viagens e novas experiências ganha força”.
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