Depois de percorrer os roteiros Recôncavo baiano, a partir de Cachoeira, e Litoral Norte, a partir de Mata de São João, o Fogo Simbólico – um dos principais símbolos da celebração do 2 de Julho, Independência do Brasil da Bahia – chegou à capital baiana na tarde desta segunda-feira (1º). A cerimônia foi realizada no Panteão de Pirajá situado na Praça General Labatut, em Pirajá, e acompanhada por autoridades municipais, civis e militares, e população. Em seguida, o momento teve ainda mais brilho com a apresentação do grupo Cortejo Afro, criado no próprio bairro.
Presente na ocasião, o secretário de Cultura e Turismo de Salvador (Secult), Pedro Tourinho, ressaltou que a tradicional cerimônia reforça, a cada ano, a importância da localidade na consolidação da Independência do Brasil. “Pirajá é o grande coração dessa luta, pois aqui aconteceram os momentos mais importantes e simbólicos contra o domínio português. Estar aqui mais uma vez, reverenciando esse acontecimento é superimportante também para fortalecer o este bairro e a nossa cidade”, declarou.
O presidente da Fundação Gregório de Mattos (FGM), Fernando Guerreiro, reiterou a importância da Batalha de Pirajá no cenário de luta do povo baiano contra os portugueses, e lembrou que a cerimônia ganhou um elemento histórico a mais. “É uma solenidade muito importante e que passou a contar, desde o ano passado, com duas tochas do Fogo Simbólico, a partir a inclusão do Litoral Norte como reconhecimento da participação dessa região na luta pela Independência. O 2 de Julho precisa ser redescoberto, estudado, entrar no currículo escolar como disciplina obrigatória, porque a Independência do Brasil se concretiza na Bahia, em 1823”, avaliou.
Roteiros – O Fogo Simbólico representa a união dos povos para a conquista da libertação do estado. O roteiro Recôncavo parte da cidade de Cachoeira e percorre 100 km, passando por cidades como Saubara, Santo Amaro, São Francisco do Conde e Candeias. Já o roteiro Litoral Norte, com 50 km, começa em Mata de São João e segue por Dias D’Ávila, Camaçari e Lauro de Freitas, até encontrar o roteiro Recôncavo em Simões Filho e terminarem o percurso em Salvador. Este ano, a atleta de ginástica rítmica Júlia Santos, que integrou a seleção brasileira em 2022, ficou encarregada de entrar no Panteão com o Fogo Simbólico.
Cuidadora de idosos e moradora de Pirajá, Renilda Santos, de 52 anos, fez questão de comparecer à cerimônia por mais um ano, transmitindo a tradição familiar. “Minha mãe me trazia aqui e agora trago minha filha e meu sobrinho. Eu conto a eles que aqui é um bairro de luta, de guerreiros, e tenho orgulho de viver aqui”, relatou.
Cortejo Afro – Além da chegada do Fogo Simbólico, a apresentação do Cortejo Afro, criado pelo artista plástico Alberto Pitta em 2 de julho de 1998, no Ilê Axé Oyá, às margens da Bacia do Cobre, no Parque São Bartolomeu, também era bastante aguardada pelos presentes. O grupo subiu ao palco com figurino repleto de plumagens e grafismo, em referência ao povo indígena, que também integrou o grupo de luta pela Independência do Brasil no estado.
Acompanhada da vizinha Cláudia Silveira, de 30 anos, Mara Luciana da Silva, de 45 anos, demonstrava bastante orgulho pela atração, considerada uma joia da localidade. “Sou nascida e criada aqui no bairro e praticamente participo do evento todos os anos. Eu gosto de ver o Cortejo desfilando no Carnaval e é uma alegria vê-los aqui hoje”, comentou Mara.
“Sou nova em Pirajá e quem me trouxe ano passado para a festa foi ela (Mara). Voltei porque gostei. Quando morava em outro bairro, não tinha ideia que acontecia esse evento cívico aqui. Hoje, trouxe meu filho de três anos”, disse Cláudia.
Reportagem: Nilson Marinho e Luciana Silva/Secom PMS
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