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Apagão cibernético global paralisa voos e afeta TVs, bancos e hospitais

As principais companhias aéreas dos Estados Unidos cancelaram centenas de voos nesta sexta-feira (19), alegando problemas de comunicação, enquanto outras operadoras, empresas de mídia, bancos e companhias de telecomunicações em todo o mundo também relataram que falhas no sistema interromperam suas operações.

American Airlines, Delta Airlines, United Airlines e Allegiant Air suspenderam voos menos de uma hora depois que a Microsoft disse que resolveu a interrupção dos serviços em nuvem, que afetou várias operadoras de baixo custo.

Na Austrália, a mídia, os bancos e as empresas de telecomunicações sofreram interrupções. Diversos países da Ásia também foram afetados, assim como da Europa.

Já na Alemanha, uma das maiores instalações de cuidados médicos da Europa, o Centro Médico Universitário Alemão Schleswig-Holstein (UKSH), cancelou todos os procedimentos eletivos nesta sexta-feira, de acordo com um comunicado em seu site.

As falhas estão ligadas a um problema na empresa global de segurança cibernética CrowdStrike.

As informações disponíveis não sugerem que o problema foi um incidente de segurança cibernética, disse o escritório da Coordenadora Nacional de Segurança Cibernética da Austrália, Michelle McGuinness, em um post no X.

Uma fonte anônima que trabalha com sistemas de segurança do governo do Reino Unido também descartou a possibilidade de um ataque hacker. 

As interrupções repercutiram por toda parte, com a Espanha relatando um “incidente” em todos os seus aeroportos.

A Ryanair, a maior companhia aérea da Europa em número de passageiros, alertou sobre possíveis interrupções, que, segundo ela, afetariam “todas as companhias aéreas que operam na rede”, sem especificar a natureza das interrupções.

CrowdStrike tenta normalizar sistemas

Horas depois dos primeiros relatos de instabilidade, o CEO da Crowdstrike, George Kurtz, disse que identificou o problema que causou a interrupção global e que uma correção já foi implantada.

Segundo comunicado da empresa, o problema partiu do seu aplicativo Falcon, que funciona como uma espécie de antivírus potencializado que se integra ao sistema operacional de uma máquina para evitar possíveis ataques cibernéticos.

Kurtz afirmou que a empresa de segurança cibernética está “trabalhando ativamente com os clientes” atingidos pela interrupção e que o problema “não foi um incidente de segurança ou ataque cibernético”.

A Microsoft também ressaltou que a causa subjacente da interrupção de seus aplicativos e serviços foi corrigida, mas o impacto residual das interrupções na segurança cibernética continua a afetar alguns clientes.

Segundo um ex-chefe da empresa de segurança de computadores McAfee, um grupo de agências do setor privado e do governo trabalhou durante a noite para determinar o problema e encontrar uma solução para o apagão cibernético global,

Dave DeWalt, ex-CEO da McAfee, disse que a chamada foi criada pela CrowdStrike, a empresa cuja atualização para o Windows parece ter causado as interrupções, e que durou a noite toda.

CEO da CrowdStrike promete “transparência total”

Kurtz também prometeu aos clientes “transparência total” sobre como ocorreu a interrupção envolvendo o software da companhia.

Ele disse que a CrowdStrike tomaria medidas “para evitar que algo assim aconteça novamente”, de acordo com uma declaração no site da empresa.

“Mobilizamos toda a CrowdStrike para ajudar você e suas equipes” a se recuperarem da interrupção, pontuou o CEO sobre as dificuldades dos clientes.

Mais de 4 mil voos cancelados no mundo inteiro

O número de voos cancelados no mundo nesta sexta-feira (19) após o apagão cibernético global passou de 4 mil, de acordo com o site especializado FlightAware. Já o número de atrasos está em 36,1 mil.

Sobre voos dentro, para ou fora os Estados Unidos, o número de cancelamentos está em 2,5 mil. De atrasos, 8,1 mil.

Saiba quais companhias e aeroportos foram os mais afetados pelo problema.

Veja uma animação com os voos afetados nos Estados Unidos, segundo o site especializado FlightRadar24:

Timelapse de voos afetados nos Estados Unidos pelo apagão cibernético global / Flightradar24

“Tela azul da morte” foi o primeiro sinal do apagão

Inúmeros computadores com o sistema operacional Windows tiveram o problema da “tela azul da morte” nesta sexta. Esse travamento foi o primeiro sinal do apagão cibernético global.

A tela azul é uma condição que indica um travamento do Windows e não se relaciona com qualquer condição específica, conforme explicou à CNN o especialista em segurança eletrônica e mestre em sistemas eletrônicos pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) Marcelo Lau.

Saiba mais sobre esse problema através desta matéria.

Apagão vira meme

O caos foi o suficiente para usuários da web se divertirem criando piadas com a situação.

Além de lamentarem por não terem o trabalho suspenso, internautas compartilharam imagens da apresentadora Ana Maria Braga e da ex-dupla Sandy e Júnior utilizando computadores e os chamaram de “galera do TI”.

Serviço de emergência dos EUA é afetado

Os serviços de comunicação de emergência foram interrompidos em vários estados dos Estados Unidos após o apagão

No estado do Arizona, a polícia de Phoenix disse que a quedaafetou o centro de despacho computadorizado 911 (equivalente ao 190 brasileiro) do Departamento de Polícia de Phoenix.

No Alasca, muitas centrais de atendimento do 911 e outras centrais não emergenciais não estavam funcionando corretamente em todo o estado, informou a Alaska State Troopers em uma publicação no Facebook.

Tela azul do Windows foi o primeiro sinal do apagão cibernético que atingiu o sistema nesta sexta-feira (19) / Harun Ozalp/Anadolu via Getty Images

Apagão desta sexta pode ser o maior da história

O apagão cibernético global desta sexta-feira pode ser a “maior interrupção de TI da história”, de acordo com o especialista em segurança cibernética Troy Hunt.

“Isso é basicamente o que todos nós estávamos preocupados com o Y2K [“bug do milênio”], mas dessa vez realmente aconteceu”, comentou.

Sistema de saúde no Reino Unido recorre a prontuários físicos

O Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido afirma que o apagão cibernético global causou interrupções na maioria dos consultórios médicos ligados ao sistema de saúde do país.

“O NHS está ciente de uma interrupção global de TI e de um problema com o sistema de consultas médicas e registros de pacientes”, disse o NHS England nesta sexta.

Ele disse que tem “medidas de longa data em vigor para gerenciar a interrupção, incluindo o uso de registros de pacientes em papel”.

Emissora perde sinal

A Sky News, um importante canal de notícias de televisão do Reino Unido, não conseguiu transmitir ao vivo na manhã desta sexta-feira por conta da falha generalizada.

O presidente executivo da rede, David Rhodes, pediu desculpas aos telespectadores pela interrupção, dizendo que muitas notícias ainda estão disponíveis online.

Resposta internacional

A Casa Branca diz que está “investigando” a interrupção causada pelas interrupções cibernéticas da manhã de sexta-feira.

“Estamos cientes do incidente e estamos investigando o problema e os impactos”, disse um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca à CNN.

Enquanto isso, o governo do Reino Unido realizou uma reunião de emergência para discutir a interrupção, disse Downing Street, de acordo com a agência de notícias PA Media do Reino Unido.

Recuperação pode ser processo longo e árduo

Especialistas explicaram que o problema de software CrowdStrike que está no centro da interrupção ocorre em um nível tão profundo nos computadores e sistemas afetados que colocá-los em funcionamento apenas para serem consertados será, em muitos casos, um enorme desafio.

Isso é agravado pelo fato de que muitos dos servidores que podem conter informações necessárias para que esses sistemas voltem a funcionar estão presos em um ciclo de travamentos e reinicializações.

Saiba mais sobre o processo de recuperação dos sistemas através desta matéria.

*com informações da Reuters

Entenda a falha cibernética global que afetou voos, bancos e hospitais

Fonte: Clique aqui

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