Na reta final das eleições municipais, candidatos a prefeito intensificam o apelo pelo chamado “voto útil”, estratégia que visa concentrar votos e, em alguns casos, evitar o segundo turno. A movimentação tem gerado tensões tanto entre aliados quanto entre adversários políticos.
No Rio de Janeiro, o presidente da Embratur, Marcelo Freixo, filiado ao PT, utilizou as redes sociais para pedir votos para o atual prefeito e candidato à reeleição, Eduardo Paes (PSD).
A campanha ganhou força após o crescimento nas pesquisas do candidato Alexandre Ramagem (PL), que atingiu 20% das intenções de voto, aumentando a possibilidade de um segundo turno.
O apelo de Freixo, no entanto, provocou uma crise com antigos aliados. Tarcísio Mota, do PSOL e terceiro colocado nas pesquisas, criticou a estratégia, afirmando que Freixo está “manchando sua história”.
Disputa acirrada em São Paulo
Em São Paulo, a campanha de Guilherme Boulos (PSOL) também recorreu ao ‘”voto útil”, com um manifesto assinado por artistas, ex-atletas e intelectuais.
O documento afirma que “a frente ampla que impediu Bolsonaro de permanecer no poder precisa se levantar novamente” para evitar um segundo turno que consagraria o bolsonarismo.
A estratégia de Boulos mira os votos de Tabata Amaral (PSB), com quem divide o eleitorado da esquerda e do campo progressista. Tabata, que atingiu 11% das intenções de voto, classificou o pedido de “voto útil” como “desespero”.
O atual prefeito e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB), também entrou na disputa pelo “voto útil”. Em sua propaganda eleitoral, Nunes afirmou ser o único candidato capaz de vencer em todos os cenários de segundo turno, alertando que votar em Kim Kataguiri (União Brasil) poderia favorecer uma vitória de Boulos.
O governador Tarcísio de Freitas, principal apoiador de Nunes, reforçou a mensagem em um encontro com empresários, caracterizando o voto em Nunes como “seguro” para evitar a entrada de um “grupo antagônico” no comando do município.
Estratégia recorrente em eleições anteriores
O apelo ao “voto útil” não é novidade no cenário eleitoral brasileiro. Em 2018, a estratégia foi utilizada tanto por antipetistas, que concentraram votos em Bolsonaro, quanto por apoiadores do PT, que buscavam atrair eleitores de Ciro Gomes.
Já em 2022, houve uma forte pressão dos apoiadores de Lula para que eleitores de Ciro Gomes e Simone Tebet migrassem seus votos para o petista, visando derrotar Bolsonaro.
A movimentação gerou reações, com Ciro chegando a acusar o PT de liderar um “fascismo de esquerda” que tentava aniquilar alternativas políticas.
A intensificação do apelo ao “voto útil” nesta reta final das eleições municipais evidencia a polarização do cenário político e a busca dos candidatos por estratégias para consolidar suas posições ou evitar reveses nas urnas.
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