O Brasil está enfrentando um período de estiagem que se estende por mais de um ano, alerta Suely Araújo, ex-presidente do Ibama e atual coordenadora de Políticas Públicas do Observatório do Clima. Em entrevista ao WW da CNN Brasil, a especialista destacou os graves impactos dessa condição climática prolongada no país.
Segundo Araújo, a seca começou a se intensificar em junho de 2023, quando houve um aumento nas temperaturas e uma diminuição significativa da umidade. O período subsequente, que normalmente seria de chuvas, não trouxe precipitações suficientes, resultando em uma situação de estiagem em grande parte dos estados brasileiros.
Impacto na vegetação e risco de incêndios
A especialista ressalta que essa condição climática torna a vegetação mais seca e sensível, aumentando consideravelmente o risco de incêndios. “Com a situação que nós temos hoje, com a seca que nós temos, qualquer fogo espalha e vira incêndio”, alerta Araújo.
O cenário atual é descrito como uma “tragédia”, com o país imerso em incêndios e fumaça. Araújo aponta que, embora haja uma evidente influência das mudanças climáticas, o problema vai além, envolvendo também questões de degradação local e descontrole governamental em diferentes esferas federativas.
Legislação e práticas agrícolas
A ex-presidente do Ibama lembra que o Brasil possui legislação sobre o uso do fogo há 90 anos, desde o Código Florestal de 1934. As regras exigem autorização dos órgãos competentes para práticas que envolvam queimadas, especialmente em atividades agrícolas. No entanto, Araújo destaca que essa é ‘a regra mais descumprida do país”.
A situação atual demanda atenção redobrada e medidas efetivas de controle e prevenção. O cenário complexo envolve elementos de mudanças climáticas, degradação ambiental local e a necessidade de uma gestão mais eficiente por parte das diferentes esferas de governo para mitigar os riscos e impactos dos incêndios no território nacional.
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