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Nos 70 anos da CNT, desafio do setor é aumentar o investimento em infraestrutura

A Confederação Nacional do Transporte (CNT) celebra seus 70 anos na tarde desta quarta-feira (19), em Brasília. O evento contará com autoridades, empresários e especialistas e abordará o futuro do setor no país – que é permeado por desafios novos e antigos.

A elevação da taxa de investimento em infraestrutura permanece como um dos principais gargalos para a modernização dos transportes no país – é o que indicam especialistas e entidades setoriais.

Números apresentados recentemente pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) indicaram que o Brasil investe cerca de 0,38% de seu produto interno bruto (PIB) em infraestrutura de transportes.

O necessário para sanar o déficit no setor seria anualmente investir 1,96% do PIB, calcula a entidade.

Referência no setor, o economista Cláudio Frishtak levanta números semelhantes e indica em seus estudos dois esforços necessários para pavimentar o caminho destes investimentos:

  • A implementação de reformas que abram espaço fiscal para aportes públicos;
  • E melhorias tributárias e de regulação que incentivem agentes privados.

Também é desafio antigo a elevação da participação do modal ferroviário no país – que  atualmente fica em a 17,7% dos transportes.

Considerados eficientes para as características do território brasileiro, os trilhos, mostram estudos, são caminhos mais baratos e sustentáveis que as rodovias.

As ferrovias são tratados entre as prioridades no Ministério dos Transportes do governo Lula. A gestão pretende lançar nos próximos meses um pipeline de trilhos – para trens de cargas e passageiros – que vão somar investimentos em torno R$ 200 bilhões.

Também estão em formulação novos regulamentos para o setor.

A preservação e recuperação do principal modal do país, o rodoviário, também são focos de atenção do setor e serão tratados no evento. Estudo da própria CNT mostrou que no ano passado 67,5% das rodovias brasileiras estavam em condição regular, ruim ou péssima.

Outros 32,5% era trechos classificados como ótimo ou bom.

Entre os novos desafios do setor se destacam aqueles ligados às mudanças climática. Tanto o governo federal quanto empresas se movimentam, por exemplo, pela descarbonização da frota brasileira.

No ano passado o governo lançou um novo programa automotivo, o Mover, que trouxe incentivos à produção de carros elétricos e híbridos no Brasil. Em contrapartida, montadoras anunciaram mais de R$ 100 bilhões em investimentos no país para os próximos anos.

As chuvas no Rio Grande do Sul e outros eventos extremos que atingiram o país recentemente reforçaram a atenção para os efeitos “já dados” das mudanças climáticas para as infraestrutura logística.

Neste contexto, surgem ainda demandas pelo incremento da resiliência do modal de transportes do país.

Segundo levantamento do Ministério dos Transportes, a infraestrutura brasileira de rodovias e ferrovias requer 179 medidas de adaptação para reduzir sua vulnerabilidade ao impacto das mudanças climáticas.

Também neste quesito, o principal gargalo, na visão da pasta comandada por Renan Filho, é a falta de recursos para este tipo de investimentos.

O Ministério estuda caminhos para obter recursos e formula normas para que suas novas concessões tenham previsão de atenção à resiliência.

Participantes do evento

Participarão do evento o vice-presidente, Geraldo Alckmin, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes.

Também estão confirmados os ministros de Estado Renan Filho (Transporte), Silvio Costa (Portos e Aeroportos), Jader Filho (Cidades) e Luiz Marinho (Trabalho).

A abertura ficará por conta do presidente da CNT, Vander Costa. O economista Ricardo Amorim vai palestrar sobre o desenvolvimento do setor, na sequência.

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